Quando Kid Vinil lançou essa música na década de 80 eu cerca de 10 anos de idade. Eu não entendi muita coisa e com certeza não sabia o que era um tic tic nervoso. Após passar 3 horas do meu dia de ontem preso no trânsito da capital paulista com gente buzinando feito doida ao meu redor, eu comecei a lembrar dessa música.
Ficar preso no trânsito é uma arte, se você reparar nos carros à sua volta, existem dois tipos básicos, os sozinhos e os acompanhados. A categoria "acompanhados" dedica-se a aproveitar aquele momento para por a conversa em dia, discutir relacionamento, questionar a razão do trânsito estar daquele jeito, se tornar engenheiro de trânsito dando palpites em como a prefeitura poderia fazer pra acabar com esses engarrafamentos infernais, etc. Isso tudo é normal. O que me chama a atenção são as pessoas que estão sozinhas no tráfego. Elas aumentam o volume do rádio e cantam de vidros fechados como se o isolamento acústico fosse perfeito e não pudessemos ouvir o estupro de um homem de 45 anos cantando "Bem que se quis" da Zizi Possi. Há aqueles que levam palavras cruzadas para fazer enquanto esperam, há aqueles que ligam pra alguém do celular pra fazer coisas que fariam se tivessem dado carona e há os que praticam hábitos detestáveis. Há, os hábitos detestáveis, aqueles que a gente só pratica na intimidade do nosso lar, aqueles que praticamente todo ser humano tem algum, mas esconde entre as quatro paredes do seu quarto... Ontem eu vi gente roendo unha, cutucando a orelha com tampa de caneta (ou com aquela unha do dedinho que o cabra deixa crescer especialmente pra essa ocasição), falando sozinho, e comendo catota de nariz (Éééééééeéca...).
Não preciso nem dizer o quanto fiquei feliz quando olhei o resplendor e a fluência do trânsito quando cheguei na rodovia dos Bandeirantes. Saldo da noite? Sair de São Paulo 15Km em 3 horas, chegar em Campinas 70Km em 1 hora...
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